2.3.10

A maldição do Razr

A Motorola vai encontrar a redenção com o Android?

O Razr, todo mundo sabe, foi um dos celulares mais bem-sucedidos de toda a história. Mais de 100 milhões de pessoas levaram o aparelhinho para casa, atraídas pelo seu design fininho, colorido, supermoderno. De 2004 em diante, o sucesso do Razr foi tão avassalador que a divisão de celulares da Motorola não conseguiu pensar em outra coisa — só nele. Não deu bola para o fenômeno do GSM, que engolfava quase todo o mundo. Não enxergou a força ascendente do 3G. Ignorou até o iPhone e a sua reinvenção completa dos smartphones. Quando deu por si, a Motorola já estava quase morta em celulares.

Sucesso demais é assim mesmo — cega as empresas e os executivos mais brilhantes. Mas nada como perder dinheiro para olhar à volta e constatar que o mundo mudou. A Motorola queimou centenas de milhões de dólares em prejuízos. Demitiu milhares de pessoas. Viu as vendas despencarem. E reagiu. Colada no Android, o sistema operacional do Google para web móvel, está travando uma briga de vida ou morte para garantir seu futuro em celulares.

O resultado mais sensacional dessa batalha leva o nome de Milestone no Brasil (e na Europa) e de Droid nos Estados Unidos. Resumindo, é o melhor celular com Android já lançado até agora, o único que pode enfrentar o iPhone mais de perto. Multitarefa (o que o iPhone não é até a encarnação 3GS), tem tela touchscreen capacitiva maior (3,7 polegadas), câmera de 5 megapixels (o iPhone fica em 3), suporte a páginas com Flash (o que o iPhone ainda está devendo) e algumas cositas más. O design é sólido, o acabamento é bem cuidado. Além de tudo, o Milestone traz o Android em sua versão mais nova, a 2.0. Não por acaso, o celular virou o queridinho de geeks em geral — inclusive dos da revista Time, que o escolheram como gadget do ano.

Se a investida com os Androids vai ser suficiente para garantir os celulares Motorola pelos próximos anos, ainda é cedo para dizer. Wall Street tem apostado a favor. Desde abril, as ações da empresa têm batido consistentemente os índices das bolsas americanas, subindo mais que eles. Tem gente especulando que a empresa faria bem em se unir à Sony Ericsson, que também tem um Android na reta de chegada, para enfrentarem juntas a Apple, a Nokia e as coreanas Samsung e LG. De minha parte, posso dizer que estou na torcida para que tudo dê certo, com joint venture ou sem, da forma que for. A Motorola havia sumido do meu radar pessoal como fabricante de celulares desde os tempos do Moto Q e do Windows Mobile 5 — um aparelhinho que eu amei. Mas o Milestone me conquistou em cheio como substituto do meu primeiro Android, o G1, da HTC. Como resistir a sua telona espetacular, multitoque, à interface sem frescuras, ao software mais maduro? Um grande 2010 para a Motorola — e para todos vocês!



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